MINISTÉRIO DAS CIDADES INVESTE 504 MILHÕES EM OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO E APENAS 30% DOS MUNICÍPIOS CONCLUÍRAM SEUS PLANOS MUNICIPAIS
SEM PLANO, LAJE DO MURIAÉ PODE DEIXAR DE RECEBER RECURSOS PARA OBRAS DE SANEAMENTO NA CHÁCARA DO CRUZEIRO, GALERIA DE ESGOTOS DO MORRO DO QUEROSENE E MORRO DO CRUZEIRO.
Marcelo Carreiro solicitou providências para implementação do Plano Municipal Saneamento Básico.
Apenas 30 prefeiturasbrasileirasdevem concluir neste ano o Plano
Municipal de Saneamento Básico, previsto pela Lei 11.445/2007, que tornou
obrigatória a elaboração dos planos, segundo estimativa do Ministério das
Cidades e da Associação Brasileira de Agências de Regulação (Abar). Pelo cenário
atual, 70% dos municípios ficarão impedidos de receber recursos federais para
aplicar no setor, já que o Decreto 7.217/2010 determinou que, a partir de
janeiro de 2014, o acesso a verbas da União ou a financiamentos de instituições
financeiras da administração pública federal destinados ao saneamento básico
estará condicionado à existência do plano.
Segundo
a Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2011 do InstitutoBrasileirode Geografia e Estatística (IBGE),
apenas 609 municípios já haviam elaborado seus planos de saneamento.
“Trabalhamos com a perspectiva de até o final do ano ter 30% dos municípios com
seus planos concluídos. Esperávamos que o número fosse bem maior. Os prefeitos
têm que correr para elaborar os planos porque o cenário com o qual o ministério
trabalha é que esses prazos sejam mantidos”, disse o secretário nacional de
Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Osvaldo Garcia.
Para ele, é inconcebível um
município “não ter um planejamento sobre uma área tão importante como o
saneamento básico”. “O prefeito tem que destinar a verba da prefeitura para o
que ele acha prioritário. Ele precisa saber se acha o plano de saneamento
prioritário ou não. Mas ele vai ter que responder não recebendo verbas [para o
setor] a partir do ano que vem”.
O plano contempla o planejamento de
longo prazo para investimentos em obras de abastecimento de água potável, coleta
e tratamento de esgoto, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas. Também prevê um diagnóstico da situação,
metas de curto, médio e longo prazos para a universalização do saneamento,
programas e ações necessários para atingir os objetivos identificando as fontes
definanciamentoe mecanismos para a avaliação da
eficiência e eficácia das ações programadas.
A pesquisa Regulação 2013, da Abar,
feita com 2.716 municípios que têm agências reguladoras no setor de saneamento
básico, mostrou que 34% concluíram o plano em 2012, principalmente em São
Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. “Mas não teremos mais do que 30% dos municípiosbrasileiroscom seus planos de saneamento básico
concluídos em 2013”, disse Alceu Galvão, coordenador de Saneamento Básico da
Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce) e da pesquisa
da Abar.
Os maiores entraves à elaboração do
plano apontados por especialistas são a falta de recursos das prefeituras e de mão
de obra capacitada para desenvolver o documento. “Os municípios não têm equipe
técnica qualificada para desenvolver por conta própria os planos. Outro aspecto
é que os planos acabam saindo na ordem de centenas de milhares de reais, e os
municípios não têm recursos para pagar”, disse Galvão.
Segundo o coordenador de Saneamento
Básico da Arce, a expectativa é que não haja extensão do prazo. “Estender o
prazo continua não resolvendo o problema. Se não criar mecanismos de
simplificação desses planos, se não tiver capacidade instalada nos municípios
para administrá-los, só vai postergar o problema. Talvez fosse melhor dar um
choque no setor restringido recursos para que os municípios, de fato, buscassem
atender, no mínimo, o prazo para a elaboração de seus planos”, acrescentou.
O presidente da Confederação
Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, disse que as prefeituras estão
em crise e não têm verba orçamentária para elaborar os planos. “A lei é feita
em Brasília e impõe aos municípios a elaboração de um plano sem indicar a fonte
dos recursos. Não adianta prorrogar o prazo porque o problema vai continuar”,
disse. Segundo ele, as opções para o recebimento de recursos seriam abrir o
setor para a iniciativa privada e para o financiamento internacional.
O secretário nacional de Saneamento
Ambiental informou que, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento 2
(PAC 2), foram investidos R$ 68,1 milhões para apoiar a elaboração dos planos
de saneamento em 152 cidades com mais de 50 mil habitantes. “A Funasa [Fundação
Nacional de Saúde] também apoia com R$ 126 milhões a elaboração de 650 planos
em municípios com menos de 50 mil habitantes. São planos ainda em elaboração e
esperamos que estejam concluídos até o fim do ano”, disse.
Com o anúncio da presidenta Dilma
Rousseff no dia 24 de outubro destinando R$ 10,5 bilhões para saneamento, a
verba para o setor, contando PAC 1 e PAC 2, é R$ 96 bilhões. Desses, R$ 25
bilhões foram desembolsados, de acordo com o secretário.
Para o diretor de Articulação
Institucional da Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades,
Ernani Ciríaco de Miranda, há soluções para reduzir os custos dos planos, como
a participação das universidades e a montagem de equipe técnica nas associações
dos municípios com apoio dos governos estaduais. “Montar um consórcio com
vários municípios para produzir os planos em grande escala diminui os custos.
Existem alternativas que não requerem contratar uma empresa de consultoria”,
disse.
De acordo com o último boletim do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (2011), 82% da população
brasileira recebem água por meio de rede de abastecimento. Considerando apenas
a população urbana, esse índice sobe para 93%. O atendimento com rede coletora
do esgoto chega a somente 48% da população.
O índice de tratamento do esgoto no
país é ainda pior: apenas 38% são tratados. “Essa falta de tratamento do esgoto
volta por meio dos rios, da poluição, de doenças endêmicas. A falta de
saneamento gera um custo muito alto para a saúde pública, com mortalidade e
doença infantis. A sociedade precisa dar relevância a isso, participar da
implantação desse plano e estabelecer o saneamento como uma prioridade real”,
ressaltou o presidente executivo da Associação Brasileira das Concessionárias
Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Roberto Muniz.
Ministério
das Cidades investe R$ 504 milhões em obras de saneamento
As obras de implantação do sistema
de esgotamento sanitário da Zona Norte e ampliação do sistema da Zona Sul
beneficiarão 108.234 famílias. Com o investimento será possível executar 817
quilômetros de redes coletoras de esgotos e 108.234 novas ligações de esgotos
na cidade.
Na Zona Norte será implantado o
sistema de esgotamento sanitário com investimento de R$ 293, 7 bilhões. Na
região serãoconstruídos557 quilômetros de rede coletora, 24
estações elevatórias, 8,2 quilômetros de emissários, 18,5 quilômetros de linhas
de recalque (tubulação de esgoto), 62.990 ligações domiciliares e Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE), com capacidade de 1.050 litros por segundo.
A ampliação do sistema de
esgotamento sanitário da Zona Sul terá um investimento de R$ 210,2 bilhões. A
obra conta com aconstruçãode 260 quilômetros de rede coletora,
25 estações elevatórias, 18,2 quilômetros de emissários de recalque (tubulação
de esgoto), 45.244 ligações domiciliares e ampliação da Estação de Tratamento
de Esgotos Jundiaí/Guarapes, para uma capacidade de 1.260 litros por segundo.
PAC- Na primeira e segunda etapa do
PAC, já foram investidos R$44,1 bilhões para 7.526 intervenções de saneamento
em todo país. Em Natal, os recursos totalizam R$ 506,7 milhões para 23 obras de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e
estudos e projetos. Deste total, R$234,7 milhões são recursos do OGU e R$ 272
milhões definanciamento.
As obras de saneamento da primeira e
segunda etapa do PAC tem o objetivo universalizar o acesso aos serviços de
coleta e tratamento de esgotos nas cidades brasileiras. As intervenções
auxiliam na redução dos riscos de doenças, preservação do meio ambiente e
melhora na qualidade de vida da população local.
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