segunda-feira, 31 de março de 2014

MARCELO CARREIRO FALA SOBRE OS 5O ANOS DO GOLPE DE 1964
























Dia 31 de março de 1964. João Goulart era deposto e exilado político. Um triste dia para a historia do Brasil. Ainda juntamos os cacos dos anos de chumbo. Comissão da Verdade, relatos de sobreviventes, familiares de presos políticos que foram brutalmente assassinados sem direito a esclarecimentos, destino dos corpos... Quantos torturados, outros expulsos do País. Alguns preferiram abandonar a Pátria por não concordar com uma imposição reacionária armada e aparelhada com Órgãos de inteligencia para detectar os "inimigos do Regime". Laje mesmo teve seus perseguidos. Alguns foram entrevistados, outros ameaçados. Existiram os que foram embora de Nossa Terra por medo. Infelizes dias para a Historia do Brasil.
Em pleno Regine Democrático, com Instituições organizadas (bem verdade, imperfeitas), ouço vozes Lajenses e manifestações desejando o retorno da Ditadura. Dissolução do Parlamento, atos Institucionais perversos proibindo a liberdade de expressão e opinião, condução coercitivas por forças opressoras para interrogatórios, prisões arbitrárias, cerceamento de Defesa e sem Direito ao contraditório, faces desastrosas de um tempo que, a data, nos convida a reflexões.

A Democracia é o pior Regimes, exceto todos os outros. O livre exercício dos Direitos relativos à Cidadania e as liberdades individuais, os direitos civis estão garantidos. O facebook é prova viva. Manifestações espontâneas a favor e contra os Governos, sem sermos convidados ao DOPS ou DOI-CODI. Lamarca e Marighela morreram na guerrilha. Eles pegaram em armas para que fôssemos livres. Jornalistas, Deputados, líderes esquerdistas e democratas assassinados. Somos herdeiros dessa luta e nos deram, gratuitamente, o direito de discordar, criticar os Políticos, os Partidos, o Sistema... Façamos todos. Silenciar, jamais.

Esses petistas que foram presos e perseguidos, que outrora bradavam por um Ideal que sucumbiu com o Poder, a velha luta das esquerdas perdeu o discurso. Restaram PCB e outros Partidos com Viés ideológicos, sem radicalismos, mas com as mesmas propostas da Campanhas das Diretas Já, de 1982. O que vemos atualmente é situação ou oposição, por uma inescrupulosa inconveniência programática. A luta agora é apenas pelo Poder e suas regalias. Não há Direita, Esquerda ou mesmo Centro Direita ou Esquerda. Muda-se os rótulos, as práticas persistem. Com a afirmação do capitalismo como doutrina econômica de Estado, restou pouco da apaixonante retórica politica. Venceu o Poder Econômico, o que produziu desigualdade social e intensificou o distanciamento entre ricos e pobres. Novas classes surgiram, a economia avançou nos últimos vinte anos, mais especificamente nesse século, fruto da consolidação das Instituições, do fortalecimento da Democracia e do Constitucionalismo, que fundou uma Nova Ordem Jurídica no Brasil, trazendo segurança relativa às relações sociais de um Brasil de franca afirmação em seus padrões e propostas de se construir uma Nação Forte e Desenvolvimentista.
Gerou-se, é verdade, o fenômeno endêmico da corrupção, da violência e do uso da Estrutura do Poder em beneficio de grupos que nutrem os mais escusos interesses, inclusive o compadrio indesejado e nocivo à Democracia, que é a interferência nas esferas de decisão dos Três Poderes. Só no Brasil um Presidente indica um Ministro da Suprema Corte para, futuramente, julgá-lo, ou a seus comparsas. A vitaliciedade não afasta o sentimento de gratidão pela indicação e, assim, as decisões politicas interferem no funcionamento do Estado nefastamente. É nosso sistema.
Com todos os percalços, temos muito a comemorar o fortalecimento da Democracia no Brasil. Desde 1985 e tendo a Constituinte de 1988 como base, esses 50 anos do golpe de 1964 deve ser rememorado como um período da História do Brasil onde as experiencias ditatoriais nos servem para valorizarmos nossas liberdades civis. Esses dias não podem ser esquecidos, mas para nos impulsionar a participarmos como atores principais do avanço de uma Nação em construção, que não quer somente Copa, Olimpíadas, mas saúde pública e educação de qualidade. Queremos, pois, o Direito de sermos tratados como Brasileiros construtores de um País mais justo, igualitário e pautado nos mais caros valores de respeito à dignidade humana e no trato com a Coisa Pública.
Viva a Democracia. 1964, Nunca mais.

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